25/03/18

25/03/18

A Filha da Feiticeira - Paula Brackston

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Comprar um livro pela capa é quase uma opção que nunca se deve fazer, depois de se tornar "crítica" de livros literárias, essa foi uma das exceções da minha vida. Desde que visualizei sua capa, o encantamento predominou em minha natureza, aliado com um tema que é um dos favoritos, bruxas, tudo isso com uma abordagem em raízes antigas de muita fantasia e elementos sobrenaturais, ligado ao segmento Wicca.

A narrativa inicia-se com o prólogo e logo depois é descrita em forma de diário, também conhecido como Livro das Sombras, que associa os dias e as fases da Lua ao cotidiano da protagonista Bess, suas impressões, seu passado e principalmente a magia usada.

Essa personagem vive em constante cautela e fuga de um mal até então não esclarecido de imediato. É sabido que num passado remoto ela fugiu da inquisição, na qual perdeu sua mãe, e atualmente adota um estilo de vida simples e despercebida dos olhares curiosos, embora a magia seja muitas vezes necessária, sua prática se dá de forma singela.

Bess viveu e experimentou muita coisa, perdeu quase todos os membros da família para a peste, aprendeu o alto preço da magia, conviveu com o preconceito e a ingratidão de seus beneficiados além de ter que viver e se responsabilizar pelas escolhas e decisões que tomava.

384 anos. Elizabeth, Bess, Eliza, Elise e tantos outros nomes que adotava de acordo com as situações. Mas o mal era um só, ela deveria se manter escondida dos seus olhares vermelhos e em fuga durante toda sua longa existência, Giddeon Masters, um mago maligno e impiedoso que lhe deu o dom porém apesar de tudo, fez-lhe temer seu lado sombrio e não sucumbir ao mesmo.

Vários foram os fatos históricos que presenciou, e durante muito tempo viveu sua vida de forma solitária no ofício de cuidar da saúde das pessoas, até o dia em que uma garota peculiar chamada Tegan, com talento para a arte da feitiçaria aparece em sua porta e muda os rumos dessa história. O que ambas não esperavam é que além dos invisíveis e eternos laços de amizade criados, os caminhos as colocariam numa prova de fogo. Serão capazes de resolver tais dilemas?

O Livro das Sombras pode terminar não como você imagina, mas como se espera, sendo possível até aprender alguns feitiços e poções além de se encantar com este trabalho magnífico bastante denso e criativo. 

A obra finda em reticências e leva o leitor a crer ou pelo menos rezar por uma continuação. Quanto ao vasto número de páginas, não se assuste, a leitura te prende de uma forma tão mágica que logo você estará na conclusão e última folha da narrativa, tudo isso num piscar de olhos.

Uma das melhores leituras de 2018!

20/03/18

20/03/18

Caixa de Passáros - Josh Malerman

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Que preço você pagaria pela sua sobrevivência?

Malorie é uma jovem mulher que vive juntamente com seus dois filhos num mundo esquecido e aterrorizado por um grande mal que jamais pode ser visto, caso contrário leva qualquer ser humano a cometer as piores atrocidades e depois suicídio.

De início não sabemos qual a origem do mal, nem como a cidade de Detroit, assim como o mundo chegou a tal ponto de devastação. Só conhecemos a história de uma mãe que luta de todas as formas para garantir sua sobrevivência e de suas proles, mas a questão é: a que preço?

A vida na localidade é cheia de restrições, necessidades, temores e incertezas até momento em que nossa protagonista decide buscar uma alternativa num lugar diferente e única saída, e só no que ela pode confiar é na habilidade de escutar de seus filhos, privado de suas visões através de fendas desde que nasceram.

Com o decorrer da narrativa descobrimos mais ou menos como os ataques começaram e se dizimaram pelo mundo, já que o livro mescla entre passado e presente na perspectiva da Malorie diante de sua possível fuga, e assim acompanhamos as biografias de alguns personagens secundários.

Inúmeras são as teorias criadas para combater o mal, e é angustiante verificar a rotina do grupo de refugiados/sobreviventes que se encontram numa casa que serve de abrigo, desconfiam-se de tudo, inclusive de sua sombra, até sumirem definitivamente, alguns ainda deixam rastros da sua ausência, outros não; ou ainda utilizam pássaros numa caixa para avisar quando algo se aproxima.

Este é um thriller psicológico, cuja obra ganhou adaptação de filme, e a Netflix comprou direitos cinematográfico que contará com a atuação confirmada de Sandra Bullock. A obra me impressionou um pouco, mas não foi suficiente para me levar a encarar a película, as cenas são um pouco fortes, confesso.

Classificaria o trabalho como mediano, a narrativa deixou alguns furos que deveriam ser explicados, mas a leitura é agonizante e tensa que explora a essência do medo de um mal inexplicável!

16/03/18

16/03/18

Rango - Filme

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Rango é um longa de animação, e há quem se engane que é um simples desenho animado para lhe fazer rir.

Enjaulado num aquário de vidro, um camaleão finge em um teatro dele mesmo, ser alguém que ele nem ao menos sabe quem é, logo no início percebemos a alusão ao "teatro da vida", o qual as pessoas dramatizam o tempo todo sem saber quem verdadeiramente são. Até que o aquário de vidro, a redoma que o protegia do mundo lá fora, cai do carro de seus donos em uma estrada que ladeia um deserto. Perdido, e sem saber para onde ir, é informado por um tatu onde encontrar a cidade.

Ao chegar tudo lhe parece diferente, estilo faroeste, os animais que ali vivem andam armados "até os dentes" e todos são dados a valente, assim surge Rango, a nova personalidade que o nosso camaleão admitirá, o maior forasteiro e o mais destemido de toda a região o que será provado com uma sucessão de fatos em que a sorte agirá do seu lado e o tornará xerife da cidade. 

Passando por uma crise de água, todos ali vivem infelizes, a espera do dia em que a água enfim aparecerá para eles, e Rango como herói que diz ser, prometerá resolver o problema. Mas nada é tão simples quando poder e moeda de troca e valor estão envolvidos, "Quem controla a água, tem o poder" e é justamente com isso que Rango terá que lidar, corrupção e abuso de poder serão um dos seus principais obstáculos. 

Excêntrico talvez seja a melhor mas ainda a não adequada palavra para classificar esse filme, fugindo de todos os padrões, Rango não apresenta personagens fofinhos, nem comuns. O protagonista, um camaleão estranho não só na aparência mas em tudo que há em seu ser, nos mostra o quão interessantes podem ser essas figuras, cada qual com sua individualidade, cada qual com sua personalidade e características bem definidas.

Uma comédia bem intensa que me fez arrancar lágrimas dos olhos, o filme não deixa a desejar quanto a inteligência aplicada, cheio de metáforas que nos fazem pensar sobre questões do cotidiano brasileiro, e dos nossos próprios, nos faz repensar sobre quem realmente somos sobre o que queremos ser e o que estamos fazendo para isso.

12/03/18

12/03/18

Este Lado do Paraíso - Scott Fitzgerald

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Por incrível que pareça este foi meu primeiro contato com a escrita de Scott Fitzgerald e também a obra percussora de sua carreira literária. Este trabalho é de cunho autobiográfico (momento que descobri só no final, na nota do autor) com inserções de alguns detalhes pelo menos não divulgados. Não se passa num momento histórico específico, mas concentra-se na década de 1920, nos Estados Unidos, momento que se vivia numa época de muita prosperidade e modernização.

A narrativa é profunda e vibrante, porém rebuscada, mas para mim a leitura não fluía com a normalidade devida, o escritor clássico durante a obra altera muito o modo como contar a história, desde cartas, poemas, peças de teatro... refletindo a imaturidade e a insensatez dos jovens numa época de grandes vislumbres do ideal americano.

O trabalho é voltado para o protagonista Amory Blaine, um jovem com grandes aspirações literárias e muitos sonhos. Acompanhamos desde a sua infância, conhecemos um pouco da sua família (mãe, governanta, um suposto pai) e até entendemos o porquê da suas atitudes e características esnobes.

Confesso que do início para o meio do livro me perguntei qual era a opção sexual do protagonista, muita coisa ficou ambígua e as emoções vividas refletiam principalmente a ser homoafetivo. Estou ficando doida? Alguém aí, também achou?

Na segunda parte da obra, Amory deslancha e se transforma num sonhador, poeta, romântico que encara a vida com um olhar crítico. Acompanhamos seu período universitário, bem como todas as futilidades de festas, namoros, clubes e até conhecemos alguns personagens secundários cheios de si, mimados e donos da verdade como ele.

É difícil se apegar a este personagem tão odiado, e o título da obra nos leva a incompreensão de qual lado do paraíso que se trata, já que o fracasso esteja embutido na própria vida de Amory juntamente com os seus ideais cultivados por pura hipocrisia. Retrato de uma juventude que goza sem culpa os bens materiais por ele gerado. E por que não dizer tão atual?

Da Editora Cosac, edição de bolso. A leitura não é fácil e o gosto pode variar por leitor para leitor, mas vale como experiência de clássico para qualquer um!

09/03/18

09/03/18

David Copperfield - Charles Dickens

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Como alguém falou no #grupoleituradeclássicos, terminar David Copperfield foi como se despedir de um grande amigo, nunca pensei que um livro com 1282 páginas e clássico, fosse me prender e me encantar tão completamente como esse fez. Foram dois meses e meio de leitura com debates semanais que me fizeram aprender a amar cada participante desse grupo tão maravilhoso e me tornar um pouquinho mais conhecedora de opiniões tão diversas que tenho certeza me farão crescer e amadurecer cada vez mais a cada livro que eu tenha a oportunidade de ler juntamente com vocês!

Há uma grande teoria, que a presente obra seja uma autobiografia de Charles Dickens, e como ele próprio diz, seu filho favorito. O livro inicia-se com o nascimento de David e com todos os acontecimentos de uma noite nada comum numa sexta-feira à noite o que já constitui em um mal presságio, órfão de pai e com uma mãe muito nova, Davy (apelido carinhoso do protagonista) vai nos relatando com toda a sua inocência a sua rotina com ela e sua querida Peggoty, a babá e governanta da casa que é como família para eles. É perceptível nas falas e impressões dele aquela mistura de maturidade e infantilidade de um homem contando sua infância.

David vai crescendo, enfrentando enormes altos e baixos durante o caminho de sua jornada pela vida, passando por um colégio interno, uma fábrica de vinhos e até pelas ruas, sofrendo grandes perdas, exploração, conhecendo pessoas com intenso mau caráter e principalmente lidando com questões do coração como todo mundo.

Dickens criou personagens singulares, os quais estão entrelaçados a vida de David, que possuem essências diversas e surpreendem de vez em quando, dentro de uma história rica em metáforas, universos sociais e morais e críticas ferrenhas a uma Inglaterra vitoriana cheia de preconceitos além de ideais machistas e elitistas.

Quando chegamos a um pouco a mais da metade do romance, que olhamos para trás, percebemos a evolução de David, e como o peso da idade vai recaindo sobre suas falas, suas ações e seus pensamentos, e ao final do livro nos deparamos com um homem apaixonante que passou por tudo que a vida pode oferecer.

De linguagem fácil e sem a rebuscabilidade encontrada na maioria dos clássicos, Dickens traz um personagem que é altamente incrível, demonstrando os altos e baixos de sua vida com todos os cenários, pessoas e costumes de uma Inglaterra em 1820. Não deixando nada para trás, me surpreendi de o escritor "puxar" casos e personagens da trama ao longo do livro, explicando situações que tinha deixado com pontas soltas e não esquecendo do destino de nenhum deles.

08/03/18

08/03/18

Homenagem ao Dia da Mulher

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Ser mulher, ser guerreira, ser empoderada, ser feminina ou simplesmente ser nós mesmas! O dia 08 de março não é apenas uma data comemorativa, e sim uma manifestação de luta, uma data para mostrar ao mundo o quanto somos fortes, persistentes e para gritar que nunca pararemos de dizer eu sou capaz, e sou boa no que faço tanto quanto qualquer homem. Os dados no Brasil são lamentáveis, segundo o IBGE o currículo feminino é melhor, mas nós recebemos 44 por cento menos que os homens. Mas vamos falar do que é bom, que apesar de hoje ser um dia de protesto, também é um dia de comemorar a força e o poder de mulheres que deixaram sua marca no mundo através de letras e páginas, aquelas que nos inspiraram e que ainda nos inspiram a ver o mundo de outra forma, a nos encantar cada vez mais com mundos mágicos, ou com discursos críticos de arrepiar os maiores gênios!

Carolina Maria de Jesus
A mineira Carolina de Jesus era catadora e registrava seu cotidiano, na antiga favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, em cadernos que encontrava pelo lixo. Seus escritos, datados de 1955 a 1960, se tornaram o livro Quarto de despejo, que denuncia a miséria, a fome e a violência sofrida por ela e seus vizinhos. A autora é considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil, e ainda hoje é considerada referência para estudos sobre a sociedade brasileira.

Chimamanda Gnozi
A escritora nigeriana Chimamanda Gnozi Adichie tem apenas 39 anos e desponta como um dos principais nomes femininos da literatura africana. Suas obras retratam o cotidiano de mulheres negras, abordando questões como o racismo e a violência contra a mulher. É autora dos livros Sejamos todos feministas e Para educar crianças feministas: Um manifesto, que são uma introdução para quem busca compreender o assunto.

Clarice Lispector
Um dos maiores nomes da literatura brasileira, Clarice Lispector é um dos exemplos em que o feminismo se mostra por meio de mulheres protagonistas. Nos romances escritos por ela, as personagens mergulham em reflexões sobre a condição humana, muitas vezes questionando o que elas são e o que a sociedade impõe que elas sejam.

Conceição Evaristo
A mineira Conceição Evaristo é doutora em literatura comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e se destaca por abordar, em suas obras, a discriminação de gênero, raça e classe, valorizando a reflexão sobre as pessoas afrodescendentes, suas memórias e importância histórica para a cultura do Brasil. É autora do romance Ponciá Venâncio (2003) e dos livros de contos Histórias de leves enganos e parecenças (2016) e Olhos d'água (2014), este último vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Contos.

Simone de Beauvoir
A filósofa e escritora francesa, integrante do movimento existencialista, é referência em estudos sobre o feminismo, abordando, especialmente na obra O segundo sexo, a diferença entre a existência e a construção social de gênero, bem como os fatores que levam à opressão das mulheres. Ao falar de comportamentos e de esteriótipos dos homens, ela faz ainda críticas ao patriarcado e à resistência dos homens à compreensão sobre as demandas feministas.

05/03/18

05/03/18

O Guru da Floresta - José Vilela

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O Guru da Floresta é mais um livro do parceiro escritor José Vilela que assim como tantos outros retratam e trazem como personagem principal, o macaco, desta vez o Guariba-vermelho.

Numa abordagem densa, cuidadosa e bastante crítica através desta fábula do Macaco Pancoso desenvolve e chama atenção do leitor para vários temas que infelizmente fazem parte do cotidiano do Brasil, como a corrupção, biopirataria, desmatamento e tantos outros.

A obra encontra-se dividida em três partes, nas quais, a primeira parte relata o processo de criação inusitada deste trabalho, quase por assombração, a figura do personagem apresentou-se para o mesmo, que foi o principal crítico dos trabalhos anteriores, trazendo reflexões do ocorrido e ainda ensina a forma como todo escritor deve começar seu livro, através de muita pesquisa científica.

Assim, temos contato com muitas referências de livros, músicas e filmes e é surpreendente ver como o macaco tem tanta evidência na arte. Será pela sua semelhança, com nós humanos?

A segunda centra-se na rotina do Macaco Pancoso, criado na mata fechada, seus amigos e suas crises existenciais, numa narrativa repleta de ditados e expressões culturais regionais. Já a terceira parte traz o desfecho da história com um final inesperado surpreendente sendo uma grande oportunidade de reflexão a todos que ousam arriscar nessa leitura.

Este exemplar pode ser adquirido através do sítio eletrônico: www.livronauta.com.br e www.arteparaviver.com.br ou diretamente com o autor pelo seu email: jvm@gmail.com.

Vamos priorizar nossos nacionais! O//