29/05/18

29/05/18

Triste Fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

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Triste fim de Policarpo Quaresma foi mais uma leitura maravilha que fizemos no grupo Alencarinas, seguindo a vibe de conhecer a literatura nacional, e ler essas obras em conjunto com pessoas tão maravilhosas está sendo uma experiência incrível!

Policarpo é um homem bastante patriótico que defende as tradições e os costumes brasileiros de raiz, como a língua tupi, o uso do violão e as cantigas populares. Contudo, o que foge dos padrões estabelecidos pela sociedade, sempre é visto com olhos atravessados até hoje, e não foi diferente com os oratórios e exacerbação do nacionalismo de Quaresma. 

Visto como louco, ele se vê incompreendido até pelos amigos, família e vizinhança, indo parar em um hospício apenas por expedir um requerimento para a mudança da língua emprestada do português, para a língua tupi-guarani, a qual ele acreditava ser a genuína língua brasileira.

Para mim foi difícil encarar seus ideais como loucura, já que ele possui argumentos esplêndidos, mas querer mudar o idioma de uma nação assim do nada é muito complicado, ainda mais um que venha de uma cultura tão esmagada pelos portugueses e lamentavelmente tão diminuída pela população brasileira.

A escrita de Lima é bastante irônica, ele possui uma crítica ferrenha à família, às elites e ao papel da sociedade em diversas situações, além de criticar a valorização do estrangeiro acima do nacional, o que absurdamente e inconscientemente fazemos nos dias de hoje.

Sendo minha primeira leitura do autor, me impressionei com uma narrativa tão fluida e interessante, Lima teve uma vida difícil, marcada pelo preconceito a sua cor de pele, e pela loucura de seu pai. Alcoólatra e também permeado por alucinações, sua obra só foi reconhecida após sua morte, o que infelizmente aconteceu com diversos escritores, seus livros são compostos de denúncias importantes, quanto às desigualdades sociais, o racismo, os problemas do país e principalmente sobre a sociedade em si. 

23/05/18

23/05/18

Sem medo de amar - Maurício de Castro

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Os livros espíritas apesar de trazer sempre as mesmas mensagens de resignação, amor ao próximo e fé na vida e nas providências do Criador, é incrível como eles sempre conseguem nos surpreender com as mensagens impostas nas entrelinhas.

“Sem medo de amar” foi um livro indicação de uma amiga e conselheira que fiz e também de autoria, apesar de psicografado, do meu primo Maurício de Castro, que traz grande orgulho para a família. Seus livros são bastantes famosos e de grande repercussão por onde passam.

Assim, é com grande missão que venho tenta traduzir tudo aquilo que a história me proporcionou, despindo-me da parcialidade para atingir o objetivo para o qual o blog foi criado.

A narrativa traz a história de três protagonistas: Douglas, Amanda e Hortência que venceram desafios para que o medo de amar não os impedissem de ser felizes. Passaram e sofreram muitas coisas dentro do seara cármico, mas no fundo aprenderam que a melhor chance para viver com plenitude a felicidade é praticando o bem e compartilhando o amor.

Viver no mundo de provas e expiações é uma luta diária para todo ser humano, principalmente para aceitarmos todos os desígnios impostos, mas nunca devemos esquecer que Deus sempre está perto de seus filhos e nunca desampara aqueles que o procuram!

18/05/18

18/05/18

Rastros de sangue: Jack, O Estripador - Kerri Maniscalco

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Hoje vim falar com vocês de um livro que despertou o interesse de muita gente assim que foi divulgado: Jack, o estripador. Rastros de sangue. Confesso que coloquei expectativas demais na história, e ela não me decepcionou, porém se classificássemos os livros aqui, diríamos que ele é um 4 estrelas.

Audrey Rose é uma mulher para lá de emponderada, e apesar de esta bem na moda personagens femininas fortes, simplesmente amamos e acreditamos que nós mulheres devemos quebrar a banca mesmo!! Contudo, diferente da maioria das protagonistas, Audrey é mais peculiar que muitas. Em pleno século XIX, uma mulher dissecar corpos, aprender medicina as escondidas e ainda se sentir atraída pelo cheiro pungente de conservantes amoníacos, de composição e sangue, realmente é bastante difícil de se encontrar. Mesmo com toda essa estranheza, a garota não deixa para trás a sua vaidade e beleza, o que me fez respeita-la ainda mais.

Audrey se vê dentro da tentativa de resolução de crimes horrendos que estão acontecendo na Londres Vitoriana, juntamente com seus tio e Thomas (um charmoso irônico que muitas vezes rouba a cena), ela terá que enfrentar seus próprios sentimento e criar frieza para se manter firme diante de assassinatos tão cruéis nos quais prostitutas foram mortas brutalmente, tendo seus órgãos levados por algum maníaco que se esconde nas sombras das ruas, ou quem sabe na alta sociedade?

Para uma autora que aparentemente iniciou a carreira agora, Kerri possui uma escrita bastante fluida, com uma narrativa que prende o leitor e não o subestima. A personagem principal com certeza conquistou minha reverencia e saudosismo, já que luta pelos seus ideais com garras e dentes, além de coloca-los acima até de sua própria segurança.

Surpreendente, talvez seja o melhor adjetivo para essa obra.



15/05/18

15/05/18

O relojoeiro, uma novela - Anna Erishkigal

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O tempo é uma ferramenta bastante valiosa para todos, e até o melhor remédio para todas as feridas. O que você faria se tivesse a oportunidade de escolher voltar no tempo pelo período de uma hora, em qualquer episódio da sua vida? E qual fato seria de fundamental importância para sua escolha?

A protagonista, Marae O'Conaire tinha muitos problemas além do seu relógio que estava parado no horário das 03:57, este despertava muita curiosidade do que representava, se a morte do seu amor, se uma oportunidade perdida... Ao levar esse objeto para um relojoeiro, descobriu que havia ganhado um presente incrível: foi lhe facultado escolher exatamente uma hora de qualquer período da sua vida, desde que cumprisse as duras regras do Destino, não interferindo de maneira drástica no passado, nem criando um paradoxo na escala temporal.

Será que Marae conseguirá fazer as pazes com os erros do passado e aprender a viver com eles?

Apesar dos erros gramaticais encontrados no conto, seu contexto é surpreendente e muito rápido de ler. Baseado nos contos da Mitologia Nórdica que revela a leveza e o peso do tempo.

Ter a oportunidade de reviver um momento é um desejo que milhões de pessoas desejariam, mas você já parou para pensar qual episódio escolheria?

04/05/18

04/05/18

Dona Flor e seus dois Maridos - Jorge Amado

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Não preciso mais expressar aqui o meu amor por Jorge Amado, e Dona Flor e seus dois maridos com certeza é um dos melhores livros desse autor tão aclamado. Há alguns anos eu li a obra em uma edição reduzida e já gostei, mas em 2017 após assistir uma adaptação tão bem feita, precisei me embrenhar novamente na escrita de Amado.

Flor é uma mulher linda, daquelas que chama atenção por onde passa, com a definição de mãos de fada, ela ganha a vida e ajuda a família com a sua culinária maravilhosa, dando aulas e apé sendo contratada por altas classes da sociedade baiana. Então, um dia ela conhece Vadinho, o qual se apaixona perdidamente por ela, e ela por ele, mas esse romance já começou com o pé esquerdo. O homem para conquistar o interesse da mãe de Flor, foi logo inventando cargos que não tinha e condição financeira que nem sonhava em ter, e quando essa descobre a confusão está armada.

Mas como diziam os apaixonados, tudo o amor enfrenta, tudo o amor passa, porém, Flor não esperava que depois de casada, fosse descobrir as façanhas e o verdadeiro caráter do marido.

O autor deixa o leitor em maus lençóis (ignorem a ironia), que vivemos em uma tênue linha de amor e ódio por Vadinho, um personagem completamente dual, que conquista pela paixão com Flor, pela graça e pelo jeito leve de viver, contudo, é odiado por ser o maior mulherengo e preguiçoso que gasta todo o dinheiro que a mulher ganha com tanto esforço em jogos e bebidas. O livro já se inicia com a morte dele em pleno carnaval, todo o sistema de luto da esposa e as tramas que rodeiam aquele fato, mas conhecemos a história inteira deles através de memórias de Florípedes assim como dos amigos, da vizinhança e dos personagens secundários que são essenciais para o entendimento de alguns acontecimentos.

Enfim, chega o segundo marido da protagonista, que não podia ser mais diferente do primeiro, Dr. Teodoro é um homem altamente culto, bem respeitado pelo bairro, de ótima condição financeira e que trata Flor como a melhor mulher do mundo. Porém lhe faltava o que Vadinho mais dava a ela, sexo. Não é nenhuma novidade a escrotidão e o vulgarismo das obras de Jorge Amado, e essa em questão não fica nem um pouco atrás, o drama dos relacionamentos será exatamente este, o que um marida dá e o que outro nem chega perto.


Talvez no psicológico de Flor ou mesmo na realidade, dependerá muito das crenças de cada leitor, Vadinho de tanto ela chamar vêm em espirito (detalhe: nu) para perto dela, e ela fica inteiramente dividida entre o pudor e a traição, entre o certo e o errado e entre os diferentes amores que ela sente por cada marido. O livro é intensamente baiano, denotando aos costumes de nosso estado, á sociedade da época e as peculiaridades que só existem aqui em nosso universo. Eu simplesmente amo a cena dos orixás e do candomblé, é de arrepiar mesmo quem não acredita e a obra em si é bastante carismática e emocionante.