"Antes da chegada dos pássaros" era expressão que
causava arrepios até em Anna que não presenciou esta época e que abre o livro
para contar a história de vida narrada pelo seu pai todas as noites, enquanto
ela anotava as passagens deste período.
Nesse livro de
1936, Baker nos apresenta uma Londres, nos anos de 30, com todos seus hábitos,
preconceitos e segregação imposta pela sociedade, até o aparecimento misterioso
dos pássaros e a forma como atormentavam as pessoas. Associados a ideia de
maldição, esses animais que apesar de observar os habitantes, pareciam
julgá-las e instituírem seu destino. Movendo-se em bandos, algo sinistro os
acompanhavam, o qual as pessoas morriam ou desapareciam sem deixar quaisquer
rastros, somado a um verão mais quente e longo.
O narrador, relata
desde sua juventude até seu cotidiano, a relação com sua mãe dominadora, sua
bissexualidade, seu amor quase impossível, seu emprego chato e seu chefe
controlador, sua impressão sobre os pássaros e os presságios trazidos por ele e
o vão esforço para as autoridades dizimá-los, bem como sua fuga para o
interior.
A obra me causou
muitas vezes bocejos diante das análises minuciosas do complexo conflito
existencial do protagonista que apresenta uma guerra ilusória e subjetiva sobre
encarar seus demônios e enfrentar seus próprios medos.
Neste romance
apocalíptico e introspectivo, algumas críticas são tecidas sobre profissões,
valores, convívio e até sobre religião, criando o mal-estar na cultura da
humanidade pelas relações predatórias. Alguns personagens ficam meio
esquecidos, como por exemplo, o singelo e importante papel exercido por sua
esposa, que o ensina o verdadeiro significado dos pássaros e a
importância de encará-los.
A editora DarkSide
arrebenta mais uma vez na publicação de luxo desta obra que não admite meios
termos. Ou você ama, ou o odeia! Confesso que não fiquei admiradora desse
clássico, a leitura foi arrastada e cansativa e só indicaria para tê-lo na
estante!