17/10/16

17/10/16

O Feiticeiro de Terramar - Ursula K.Le Guin

| |
Este livro dispensa apresentação, embora de forma inexplicável chega ao Brasil depois de décadas (1960), criando-se o estigma em cima dele, por teorias conspirarem ser a fonte de inspiração para a origem  do universo Harry Potter, da nossa musa J.K.Rowling.

Então a partir dessas informações, logo despertei uma certa curiosidade para conhecer a tal história pioneira que me influenciou a adentrar no mundo magia a ponto de não querer mais voltar ao mundo real. E mesmo muito antes de ler, criei grandes expectativas.

De fato, existem alguns pontos que nitidamente percebemos e nos identificamos com a história de HP, o fato do feiticeiro retratado também ser órfão de mãe, de possuir cicatrizes no rosto derivado de um contato com um mal maior, de ter sido criado ainda que rapidamente por uma tia e ter ingressado numa escola de magia, mas confesso que não me transportou ao cenário de esplendor e de muita imaginação da Rowling.

Na minha humilde opinião e para quem talvez tenha conhecido a história "O Nome do Vento" do escritor Patrick Rothfuss, consiga se identificar de modo mais satisfatório, pelos elementos que trazem como a importância do nome das coisas, da própria jornada do mago nas ilhas e até da Escola de Magia. Mas para quem, não teve a oportunidade de adentrar ainda em nenhum universo deste... “Senta que lá vem a história!” Sempre gostei dessa referência trazida pelo canal da TVE, rs

O Feiticeiro de Terramar trata a respeito da jornada e transformação de um mago – Ged, garoto prodígio que tem um destino de se tornar um grande feiticeiro - e mais do que só uma história qualquer, este trabalho veio para quebrar todos os estigmas das narrativas da sua época (período supracitado) deixando para trás todo o estereótipo construído até então – heróis brancos, nas figuras do homens dominadores e fortes, da presença das mulheres apenas como objeto sexual, ou, símbolo de destruição e trevas e acontece bem distante dos cenários de guerras, sem a presença de oprimidos e opressores, retratado nas histórias épicas.

Neste contexto a jornada já citada do jovem mago consiste em conhecer a si mesmo (referência a Sócrates, talvez) para combater algo maior – uma sombra – que fora libertada através de um feitiço de invocação dos mortos, por puro ato de vaidade. A partir de então, nos embrenhamos em alto mar, pois estar em chão firme, já não é mais seguro. Suas viagens consistiam em juntar forças para cada vez mais adentrar a sua essência, seja ela qual for.

Em meio as ilhas de Terramar desbravamos lugares e conhecemos pessoas fantásticas que sempre acrescentam lições de vidas, não apenas na vida do personagem, mas nas nossas também e percebemos a importância do silêncio e o poder das palavras, principalmente do nome atribuído a cada um ou coisa, a assumir os erros e enfrentar os medos.

Ursula K. Le Guin até então era desconhecida por mim e pelo fato de ter sido a precursora do gênero fantasia despertou em mim um grande apreço que fez minha entrega pelo livro ser completa, a ponto de não querer desgrudá-lo até terminar seu conteúdo. Talvez para aqueles leitores que aguardam grandes reviravoltas, este exemplar não agrade muito, pela escrita profunda, linear e bastante madura! Melhor ainda que o livro é o prologo da escritora argumentando com maestria de forma simplista o que a fez escrever e o porquê! Conquistando-me plenamente e me despertando questão desafiadoras, entre elas: a autodescoberta! 

Sem comentários:

Enviar um comentário