Terras
do Sem Fim é mais um primoroso livro do meu querido Jorge Amado, agora em uma
leitura conjunta com pessoas maravilhosas, pude conhecer um pouco mais de sua
vasta obra, da terra e época do cacau no Brasil, com seu poder de atração aos
que procuravam dinheiro e com seu visgo que grudava nos pés daqueles que se
embrenhavam em sua trama e nunca mais se libertavam do fruto do ouro adubado
por sangue.
Nos
anos que os coronéis subordinavam o povo e as instituições à sua influência, o
cacau crescia, enriquecia muitos, contudo matava muito mais. Centrado na
rivalidade entre duas grandes famílias produtoras de cacau, o livro contará a
trama que ronda a conquista da mata chamada Sequeiro Grande (a maior do local)
assim como a vida dos trabalhadores e das pessoas envolvidas.
De
um lado os Badarós, com o reflexivo Sinhô, o sedento por sangue Juca e Don'Ana,
uma mulher empoderada para a época e retada que só, além, é claro, do coronel
Teodoro, seu aliado, e de todos os conjugados, como trabalhadores, e puxas
sacos. Do outro, Horácio com seu diabinho dentro da garrafa, sua mulher Ester,
e todos os seus aliados como o coronel Maneca e muitos proprietários pequenos
de terras cacaueiras. A rixa entre esses grupos não ficava só entre as terras
de cacau, os advogados competiam com seus discursos e suas petições, os jornais
brigavam por palavras mais difíceis e adjetivos mais pejorativos, os jagunços
disputavam nas tocaias uns aos outros e a própria população ficava de camarote
com uma pipoquinha só esperando os acontecimentos.
Traição,
morte e comédia fazem parte desse livro, numa junção tão peculiar que é
bastante difícil acreditar que esses tempos foram reais. Como quase toda a obra
de Jorge, Terras do sem fim não poderia faltar uma boa dose de cultura
religiosa e popular, representada pelo feiticeiro, pelas beatas e por médiuns,
o sincretismo religioso fica bastante evidente, e a cultura é expressada até no
falar e no agir das pessoas.
Com
certeza esse livro entrará para os favoritos do ano, eu simplesmente amo a
linguagem do autor, sua escrita fluída e principalmente o modo como ele retrata
a Bahia tão bem, me sinto representada, sinceramente eu gostaria de um final
diferente, já que me apeguei mais a uns personagens do que a outros, mas creio
que ele sabe bem o que faz!