03/04/19

03/04/19

Bem - casados - Nora Roberts

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Continuando as resenhas da série O quarteto de noivas de Nora Roberts que eu iniciei lá no iniciozinho de 2018, mas que só li os dois últimos livros no final desse mesmo ano.


Parker, Mac, Laurel e Emma são 4 amigas que trabalham do ramo casamenteiro, são proprietárias da Votos, uma empresa que só cresce na área.

Cada livro retrata o encontro de cada uma delas com o amor, nos dois primeiros livros tivemos Mac e Emma respectivamente e vocês podem conferir a resenha deles aqui no ig.



A mulher da vez é Laurel Macbane, a confeiteira da empresa, ela é uma das que mais admiro -apesar de admirar todas elas- pois trilhou um caminho muito difícil, principalmente financeiramente, e se tornou uma grande mulher que cria bolos maravilhosos e quitutes muito bons. Ela preza muito sua independência e as dificuldades que passou para chegar onde está.



Laurel guarda em seu peito um amor proibido pelo irmão de Parker, sua melhor amiga e com quem mora. Delaney Brown é um advogado gatíssimo, que cuida dos assuntos jurídicos da empresa e das meninas como se fossem todas suas irmãs, e o problema mora aí, Laurel não quer ser sua irmã.



Um shipp que deu muito certo para mim, o romance entre Del e Laurel vai sendo construído aos poucos, com grande receio pelos dois e também muita paixão ardente envolvida, ao mesmo tempo em que somos apresentados ao novo casal do grupo, acompanhamos assim como nos outros livros a rotina da Votos, o trabalho de cada uma das garotas e também a personalidade dos personagens.



Não há como dizer que existem protagonistas no grupo, quando as mulheres encontram seu par, ele é introduzido na família e passa a ter um papel fundamental na história, vamos nos apegando a cada um deles de formas diferentes e a leitura se passa tão rápida que quando a findamos nem acreditamos. Esse livro não é um mero romance e nem um simples livro hot, com uma boa dose de cada coisa, a autora inclui drama, muito humor, muita cena quente e claro romance em excesso nas páginas das obras.




Scarlet Caspor e o Mundo de Arfádia - Londoriano

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Olá estrelinhxs! Bom final de semana a todxs 

A história é bem leve e gostosa de ler. A leitura flui sem grande esforços, o escritor na hora de concatenar as ideias descobriu uma maneira muito legal de desenvolver o pensamento fazendo o leitor refletir sobre questões fundamentais através de pequenos pensamentos e situações. 

A narrativa se assemelha um pouco com elementos de outros livros como Harry Potter e um pouco O Senhor dos Anéis, mas está longe de ser uma história copiada. 

Scarlet Caspor é uma garota estranha e excluída da sua classe, até o dia que estranhos seres aparecem em sua escola dizendo que a mesma corre perigo e é uma princesa! 

A partir deste momento, sua vida muda completamente e toda aquela rotina pacata dá a lugar a grandes mistérios e aventuras.

O livro é fantástico! A história traz riquezas de detalhes , mas que não deixam a obra cansativa. 

Narrativa bem feita e uma pena que nem sempre esses e-books acham destaque quanto o potencial verdadeiro.

O defeito deste trabalho é terminar a estória deixando os leitores no ponto máximo de todo o desfecho. Quando haverá continuação!?

Crenshaw - Katherine Applegate

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A resenha de hoje foi uma bastante difícil de ser escrita, não porque o livro seja complicado ou poque eu não gostei da leitura, já que eu simplesmente amei! O problema é que eu tentei passar toda a fofura e sentimento que essa obra me passou e espero ter sido bem sucedida.

Crenshaw é, sobretudo, um livro sobre amor e dificuldades, mas também sobre o quanto a nossa imaginação pode ser essencial em nossa vida.

Qual criança nunca teve um amigo imaginário? Eu mesma tive vários na infância e fantasiava diversas situações, nunca fui de ter muitos amigos e brincava acompanhada dos meus queridos amigos criados pela imaginação.

Crenshaw é um gato preto, de barriga branquinha e nada comum, até mesmo para um amigo imaginário, ele surfa, anda de skate, voa com um guarda-chuva e ainda ama um bom banho de espuma, mas acima de tudo esse gatinho surge na vida de Jackson, nosso protagonista, sempre que as dificuldades se tornam pesadas demais para um garotinho.

Jackson mora com seus pais, uma irmã e uma cachorra, e diante da situação financeira da família, eles se veem no risco de ter que morar em uma minivan mais uma vez, mas apesar disso, os pais levam a vida com otimismo e tentam ao máximo não passar a realidade aos filhos. Porém, nosso narrador e protagonista não pensa bem assim, dói ver o ponto de vista de uma criança que muitas vezes passa fome, tem que ver suas coisas sendo vendidas e se sente impotente diante dos obstáculos que a tão injusta vida apresenta. Apesar de ter apenas 8 anos, o garoto se acha maduro o suficiente para compartilhar o fardo com os pais, e quando Crenshaw aparece novamente, ele imagina estar louco, até porque o que importa realmente para ele são os fatos.

 Com uma escrita leve e bem fácil de ler, a autora traz no gato ensinamentos e reflexões de uma maneira muito divertida a ponto de me fazer dar altas gargalhadas, o li em apenas um dia e foi maravilhoso, Crenshaw é um livro para ser lido tanto por adultos quanto por crianças e existem diversos tipos de interpretações pra ele, não pensem que a fantasia é o ponto principal dessa obra, e sim o modo como ela pode mudar a vida das pessoas e atenuar o peso que as dificuldades nos fazem.

"Havia sempre alguém para nos interromper. Mas tudo bem. Eu sabia que ele estava lá e isso era o suficiente."



O cortiço - Aluísio de Azevedo

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Hoje é dia do literalmente "postei e saí correndo" kkkkkkk

O cortiço do autor Aluísio de Azevedo, se encontra dentro do movimento literário naturalismo, que aborda principalmente o Darwinismo social, ou seja,  a influência do meio, da "origem" e do momento histórico sobre o ser humano, dessa forma, os personagens desse livro revelam absurdamente características consideradas absurdas por nós, mas que lamentavelmente constituem nossa realidade, sobretudo do Brasil. Quem nunca ouviu uma mulher ser chamada de cadela, um LGTB ser chamado de desviado ou bicha, ou ainda um homem de corno? Todos esses termos pejorativos estão presentes na narrativa de Aluísio, e apesar de nos assustarmos com tamanha falta de respeito, isso é comum na sociedade brasileira e infelizmente faz parte do dia a dia de muitos.

Como cenário temos o próprio O cortiço, coloco esse artigo para caracteriza-lo como personagem, já que durante a narrativa temos a plena impressão que o lugar "vive". Nesse ambiente moram pessoas dos mais diferentes "tipos", que lutam para sobreviver e pagar seus alugueis a João Romão (dono do cortiço) o qual busca enriquecer de qualquer forma, não importando em que cabeça pisará para isso, entre os personagens, destacam-se Rita Baiana, Jerônimo, Piedade, Pombinha que refletem a grande diversidade da sociedade brasileira, mas também representam a considerada marginalidade da nação.

Em oposição, temos o Casarão, comprado por Miranda o qual corresponde a "alta" classe da comunidade, e por quem João Romão alimenta imensa inveja.

O livro traz conceitos muitas vezes incorporados no senso comum dos brasileiros, João Romão enriquece através de seu comércio, roubos ilícitos e da exploração de sua amante Bertoleza, quantas vezes já ouvi que as pessoas só crescem na vida desse modo? Já Miranda apesar de toda pompa social, almeja a riqueza monetária de João, o que também é perceptível ainda hoje, a "moral" que algumas pessoas exercem devido a títulos e origem familiar.

O cortiço e o casarão passam por modificações significativas durante a narrativa que ilustram basicamente o determinismo social e a falta de perspectiva para o povo que ali mora, iniciando uma decadência moral e finalizando da pior (mas real) forma possível. As obras naturalistas fogem completamente da idealização de qualquer coisa que seja, trazendo um retrato da sociedade e cuspindo na nossa cara a sexualização da narrativa e a animalização dos personagens. Para ser sincera já é a segunda vez que o leio e não consigo engolir e gostar do livro, porém sei da importância e da frequência que ele aparece em provas, por isso me forço a lê-lo sempre.



Essa Terra - Antônio Torres

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Esse livro é bastante cobrado em vestibulares no Brasil todo, portanto pretendo trazer uma resenha detalhada que pode conter spoilers. Antes de começar a resenha, gostaria de informar a vocês alguns fatos literários sobre a obra: É uma recriação da vida do próprio autor, logo é um livro autobiográfico, dividido em 4 partes, "Essa terra me chama", "Essa terra me enxota", "Essa terra me enlouquece", "Essa terra me ama", que revelam a ambiguidade dos sentimentos do narrador pela terra natal e sua primeira publicação foi feita em 1976. 

Confesso para vocês que a leitura foi um pouco complicada para mim, pois a obra é um relato bem fragmentado e não linear do protagonista Totonhim que descreve através de suas emoções os trágicos acontecimentos em sua família, tendo sempre como ponto principal os impactos do êxodo rural sobre os personagens e os destrinchamentos de tal processo sobre a pacata vida dos moradores de Junco, uma cidadezinha no interior da Bahia. 

Nelo, irmão do protagonista, foi o primeiro da família a ir para a Grande São Paulo, e a narrativa muitas vezes roda em torno das dificuldades passadas por ele e no efeito do seu suicídio ao retornar para sua cidade natal, o que nos revela a grande ilusão que é pensar na migração como solução e melhora de vida, até porque é sabido o grande preconceito que os nordestinos sofrem na região sudeste até os dias atuais, e para Nelo a fuga de seus problemas foi a morte. 

Se vocês acham que a desgraça da família acaba ai, estão muito enganados. A família ainda tem que lidar com a loucura da mãe, a pobreza e as dívidas que só crescem, as fugas dos filhos na vã esperança de encontrar uma vida melhor, a solidão do patriarca em criar 3 filhos pequenos sem dinheiro e ainda a decisão de Totonhim de seguir os passos de Nelo rumo a São Paulo. 

Diferentemente da maioria dos romances regionalistas, "Essa Terra" trata a seca como um problema secundário, sendo o "roubo" dos jovens - mão de obra - do sertão pelo sul-sudeste o maior demônio, já que muitos vão e nenhum volta. Com isso percebemos uma certa revolta por parte do autor, que vê as desigualdades regionais como um elemento tóxico ao desenvolvimento humano e social do país. 

Quanto aos personagens e à linguagem utilizada pelo autor, não há nada surreal, é possível enxergar as pessoas envolvidas na história pois elas fazem parte do cotidiano de qualquer pessoa que more no Nordeste, quem nunca teve contato com um senhor altamente religioso, ou com um cara que vive bêbado, ou ainda com uma família que vive da agricultura de subsistência, e até com as tão típicas beatas do sertão? As falas e narrações distanciam-se das exageradas expressões sertanejas, sendo colocados vocabulários e linguajares de uma forma muito natural que eu quase não percebi a existência deles já que eu mesma uso muitos. 

Apesar de ter achado complicado, o livro traz uma mala cheia de histórias, fatos e reflexões que nos fazem olhar o retirante por uma nova perspectiva, com certeza foi uma obra que me tirou da minha zona de conforto, o que venho fazendo desde 2018 e está sendo uma experiência indescritível!