24/02/17

24/02/17

A Essência da Dor - Aline Basztabin

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Hoje é dia de resenha, e essa é especial, pois se trata de uma das nossas parceiras! No primeiro momento fiquei morrendo de vontade de lê-lo logo, pois a capa parece se tratar de um romance de época, mas calma pessoal foi só a primeira impressão, não é bem assim.

Alexsander, polonês em pleno ano de 1939 (não é muito bom né?) pois é, logo jovem ele conheceu os horrores da Segunda Guerra Mundial, vislumbrou o fim trágico de seu pai, sofreu com a separação de sua mãe, chorou a morte de seu pequeno irmão Zigmundo que não aguentou as maldades alemãs e sobreviveu por causa de uma única frase vinda dos lábios de sua geradora: “Seja forte”. E ele foi, conseguiu não morrer diante da fome, das doenças e dos castigos, e um dia conseguiu fugir do inferno e se juntar a um grupo de guerrilheiros contra aqueles que tanto lhes machucaram.

Rose é o tipo de mulher que me inspiro sempre, seja ela fictícia ou não, independente, manda a opinião da sociedade pra m* (oopa, palavrão não kkkkk), não casou apenas por conveniência, e olha que na época em que estava inserida, se a mulher demorasse demais para casar, Ave Maria, a língua do povo caia matando sobre a pobre. Diferente das outras, ela não estava nem aí, e pior, simplesmente ignorava os comentários maldosos e se desse, ainda rebatia da melhor forma possível.

Mas chega um dia que todo mundo precisa de um (a) companheiro (a) para dividir as coisas boas da vida, e Rose se apaixonou pela primeira vez que viu Alexsander no parque, ela não se apaixonou pelo porte musculoso e estiloso que ele tinha e sim, principalmente, pelo jeito carinhoso e atencioso que tratava a mãe, ou ainda do jeito que ele riu ou quem sabe foi pelos seus belos olhos azuis?

Enfim quando é para ser, o destino sempre ajuda um pouquinho, os dois foram se conhecendo aos poucos e logo decidiram se casar, mas assim como ele ajuda, também maltrata. Rose e Alexsander eram muito felizes juntos porém queriam filhos e nenhum dos dois poderiam gerar um: ele por ter se tornado infértil devido as mazelas sofridas na guerra, e ela por ser velha e correr riscos (hoje discordamos desse “velha”, 32 anos ainda está no auge).

Então eles decidem adotar (gesto lindo né?), mas não adotaram do jeito convencional, alguém simplesmente “deixou” uma linda menina para eles, foi paixão imediata, a garota carregava o mesmo tom azul dos olhos de Alexsander e isso encantou os novos pais.

As vezes não confiamos nos nossos instintos e intuições e a vida nos prega peças, exatamente isso aconteceu com o casal, e mesmo com todo o amor que sentiram pela criança, também sentiram um frio, aquele temor de que algo ruim abria as asas em torno deles, e assim o tempo foi passando e Aurora foi crescendo e se mostrando uma bela garotinha por fora, mas uma megera por dentro, matava gatos, assustava seu primo, e um dia, com apenas 5 anos de idade até bebeu do whisky do pai.

Sinceramente esse livro me causou raiva diversas vezes, não que ele seja ruim, é porque eu lia aquelas cenas de Aurora e ficava imaginando que aquilo ali não era só uma história, e sim reflexos de diversos casos por ai a fora que é exatamente daquele jeitinho, quantos pais não já sofreram com os maus tratos dos filhos? (Ou vice-versa, mas não posso entrar nesse contexto para não fugir da temática), então é revoltante ler na capa do livro “Baseado em fatos reais” e saber de verdade que aquilo ali é algo mais comum do que realmente pensamos. 

É difícil saber que um casal tão legal como os protagonistas, levaram uma vida injusta e infeliz por conta da ingratidão de uma filha! Esse livro até me fez repensar sobre meus atos, não sou uma filha perfeita (NÃO MESMO!!), e refletiu na maneira com que eu me policiasse em relação aos meus pais, me fez parar para pensar em quantas vezes já fui injusta com eles, quantas vezes fui ingrata, mas também me percebi o quanto é bom valorizar para poder ser valorizada, para tentar ser uma filha melhor a cada dia, repetindo que ninguém é perfeito, mas está sendo maravilhoso me deter mais um pouco e ver o quanto as situações mudam quando não vemos apenas o nosso ego. 

Muito obrigada a Aline Basztabin, não apenas pela leitura de sua obra, mas por me fazer colocar no lugar dos pais para avaliar suas posições e visões, e fazer de mim uma pessoa melhor!

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