Confissões
de crematório foi uma leitura impressionante, que veio em uma fase muito difícil
da minha vida e com um tema bastante revelador, recentemente perdi minha irmã
repentinamente para um câncer, e para voltar a leitura do livro me doeu
bastante, já tenho uma visão diferenciada da morte do que, acredito, a maioria
das pessoas, a aceitação em mim é bem presente, mas ler constantemente sobre a
morte após ter perdido uma pessoa tão importando foi difícil.
Apenas
a nota da autora já me encheu de amor por e por sua obra, “a ignorância não é
uma benção, é apenas uma forma profunda de terror”, e eu há um bom tempo tirei
as vendas metafóricas que ela tanto enfatiza na nota e queimei para nunca mais
me vendar novamente, porque as pessoas tem tanto medo da morte? Sendo que ela é
a única certeza da vida, porque não aceita-la? Escondemos a morte o tempo
inteiro, em caixões debaixo da terra ou em grandes jazigos de pedra, em
hospitais com paredes brancos ou em fornos crematórios onde o fogo consumirá
toda a presença dela. O fato de a escondermos não fará ela deixar de existir
nem nos fará imortais. Então porquê?
Não
é um assunto que agrade a muita gente, mas “basta estar vivo para morrer”,
Catlin aborda o tratamento que os humanos dão ou deram à morte, principalmente
no atual Estados Unidos assim como em muitas sociedades em diversos tempos
diferentes, cada qual com sua tradição, crenças e cultos diversificados com
bastante humor e reflexões que vão desmitificando a morte durante a narrativa.
A
garota sempre teve um apreço diferente pelo tema mórbido, inicia-se na indústria
funerária como uma operadora de crematório, como ela mesma diz, um dos últimos degraus
na escada do sucesso, ainda há muito para ela percorrer! Durante as cremações
Caitlin compartilha com o leitor todas as suas reflexões e pensamentos, as
vezes sobre aquele corpo em especifico ou sobre a morte em geral. O que ela
mais debate é a transferência de responsabilidade que os familiares atualmente
fazem com os seus mortos, nos Estados Unidos o velório e sepultamento tradicional
é minoria, o que ainda bem, no Brasil é bem constante. É como se as pessoas
quisessem se livrar daquele corpo, e se iludir que a morte não é nada.
Longe
de ser deprimente, o livro surpreende quanto a leveza e humor que a autora
trata a mortalidade, fazendo o leitor rir e pensar sobre a nossa própria morte
assim como o que pretendemos fazer com ela e com a dos nossos. Esse livro me
deu uma maior vontade de viver, de aproveitar a vida melhor e de encarar
naturalmente a morte, me ensinou lições que carregarei para a vida e que
passarei aos que conheço com todo prazer!
Fora
que a edição da Darkside é um show à parte não está?
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