19/12/17

19/12/17

Confissões de Crematório - Caitlin Dought

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Confissões de crematório foi uma leitura impressionante, que veio em uma fase muito difícil da minha vida e com um tema bastante revelador, recentemente perdi minha irmã repentinamente para um câncer, e para voltar a leitura do livro me doeu bastante, já tenho uma visão diferenciada da morte do que, acredito, a maioria das pessoas, a aceitação em mim é bem presente, mas ler constantemente sobre a morte após ter perdido uma pessoa tão importando foi difícil.

Apenas a nota da autora já me encheu de amor por e por sua obra, “a ignorância não é uma benção, é apenas uma forma profunda de terror”, e eu há um bom tempo tirei as vendas metafóricas que ela tanto enfatiza na nota e queimei para nunca mais me vendar novamente, porque as pessoas tem tanto medo da morte? Sendo que ela é a única certeza da vida, porque não aceita-la? Escondemos a morte o tempo inteiro, em caixões debaixo da terra ou em grandes jazigos de pedra, em hospitais com paredes brancos ou em fornos crematórios onde o fogo consumirá toda a presença dela. O fato de a escondermos não fará ela deixar de existir nem nos fará imortais. Então porquê?

Não é um assunto que agrade a muita gente, mas “basta estar vivo para morrer”, Catlin aborda o tratamento que os humanos dão ou deram à morte, principalmente no atual Estados Unidos assim como em muitas sociedades em diversos tempos diferentes, cada qual com sua tradição, crenças e cultos diversificados com bastante humor e reflexões que vão desmitificando a morte durante a narrativa.

A garota sempre teve um apreço diferente pelo tema mórbido, inicia-se na indústria funerária como uma operadora de crematório, como ela mesma diz, um dos últimos degraus na escada do sucesso, ainda há muito para ela percorrer! Durante as cremações Caitlin compartilha com o leitor todas as suas reflexões e pensamentos, as vezes sobre aquele corpo em especifico ou sobre a morte em geral. O que ela mais debate é a transferência de responsabilidade que os familiares atualmente fazem com os seus mortos, nos Estados Unidos o velório e sepultamento tradicional é minoria, o que ainda bem, no Brasil é bem constante. É como se as pessoas quisessem se livrar daquele corpo, e se iludir que a morte não é nada.

Longe de ser deprimente, o livro surpreende quanto a leveza e humor que a autora trata a mortalidade, fazendo o leitor rir e pensar sobre a nossa própria morte assim como o que pretendemos fazer com ela e com a dos nossos. Esse livro me deu uma maior vontade de viver, de aproveitar a vida melhor e de encarar naturalmente a morte, me ensinou lições que carregarei para a vida e que passarei aos que conheço com todo prazer!

Fora que a edição da Darkside é um show à parte não está? 

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