29/09/18

29/09/18

Terras do Sem Fim - Jorge Amado

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Terras do Sem Fim é mais um primoroso livro do meu querido Jorge Amado, agora em uma leitura conjunta com pessoas maravilhosas, pude conhecer um pouco mais de sua vasta obra, da terra e época do cacau no Brasil, com seu poder de atração aos que procuravam dinheiro e com seu visgo que grudava nos pés daqueles que se embrenhavam em sua trama e nunca mais se libertavam do fruto do ouro adubado por sangue.

Nos anos que os coronéis subordinavam o povo e as instituições à sua influência, o cacau crescia, enriquecia muitos, contudo matava muito mais. Centrado na rivalidade entre duas grandes famílias produtoras de cacau, o livro contará a trama que ronda a conquista da mata chamada Sequeiro Grande (a maior do local) assim como a vida dos trabalhadores e das pessoas envolvidas.

De um lado os Badarós, com o reflexivo Sinhô, o sedento por sangue Juca e Don'Ana, uma mulher empoderada para a época e retada que só, além, é claro, do coronel Teodoro, seu aliado, e de todos os conjugados, como trabalhadores, e puxas sacos. Do outro, Horácio com seu diabinho dentro da garrafa, sua mulher Ester, e todos os seus aliados como o coronel Maneca e muitos proprietários pequenos de terras cacaueiras. A rixa entre esses grupos não ficava só entre as terras de cacau, os advogados competiam com seus discursos e suas petições, os jornais brigavam por palavras mais difíceis e adjetivos mais pejorativos, os jagunços disputavam nas tocaias uns aos outros e a própria população ficava de camarote com uma pipoquinha só esperando os acontecimentos.

Traição, morte e comédia fazem parte desse livro, numa junção tão peculiar que é bastante difícil acreditar que esses tempos foram reais. Como quase toda a obra de Jorge, Terras do sem fim não poderia faltar uma boa dose de cultura religiosa e popular, representada pelo feiticeiro, pelas beatas e por médiuns, o sincretismo religioso fica bastante evidente, e a cultura é expressada até no falar e no agir das pessoas.

Com certeza esse livro entrará para os favoritos do ano, eu simplesmente amo a linguagem do autor, sua escrita fluída e principalmente o modo como ele retrata a Bahia tão bem, me sinto representada, sinceramente eu gostaria de um final diferente, já que me apeguei mais a uns personagens do que a outros, mas creio que ele sabe bem o que faz!

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