Este
livro dispensa apresentação, embora de forma inexplicável chega ao Brasil
depois de décadas (1960), criando-se o estigma em cima dele, por teorias
conspirarem ser a fonte de inspiração para a origem do universo Harry Potter, da
nossa musa J.K.Rowling.
Então
a partir dessas informações, logo despertei uma certa curiosidade para conhecer
a tal história pioneira que me influenciou a adentrar no mundo magia a ponto de
não querer mais voltar ao mundo real. E mesmo muito antes de ler, criei grandes
expectativas.
De
fato, existem alguns pontos que nitidamente percebemos e nos identificamos com
a história de HP, o fato do feiticeiro retratado também ser órfão de mãe, de
possuir cicatrizes no rosto derivado de um contato com um mal maior, de ter
sido criado ainda que rapidamente por uma tia e ter ingressado numa escola de
magia, mas confesso que não me transportou ao cenário de esplendor e de muita
imaginação da Rowling.
Na
minha humilde opinião e para quem talvez tenha conhecido a história "O Nome do
Vento" do escritor Patrick Rothfuss, consiga se identificar de modo mais
satisfatório, pelos elementos que trazem como a importância do nome das coisas,
da própria jornada do mago nas ilhas e até da Escola de Magia. Mas
para quem, não teve a oportunidade de adentrar ainda em nenhum universo deste...
“Senta que lá vem a história!” Sempre gostei dessa referência trazida pelo
canal da TVE, rs
O
Feiticeiro de Terramar trata a respeito da jornada e transformação de um mago –
Ged, garoto prodígio que tem um destino de se tornar um grande feiticeiro - e
mais do que só uma história qualquer, este trabalho veio para quebrar todos os estigmas das narrativas
da sua época (período supracitado) deixando para trás todo o estereótipo
construído até então – heróis brancos, nas figuras do homens dominadores e
fortes, da presença das mulheres apenas como objeto sexual, ou, símbolo de destruição
e trevas e acontece bem distante dos cenários de guerras, sem a presença de
oprimidos e opressores, retratado nas histórias épicas.
Neste
contexto a jornada já citada do jovem mago consiste em conhecer a si mesmo (referência
a Sócrates, talvez) para combater algo maior – uma sombra – que fora libertada
através de um feitiço de invocação dos mortos, por puro ato de vaidade. A
partir de então, nos embrenhamos em alto mar, pois estar em chão firme, já não
é mais seguro. Suas viagens consistiam em juntar forças para cada vez mais
adentrar a sua essência, seja ela qual for.
Em
meio as ilhas de Terramar desbravamos lugares e conhecemos pessoas fantásticas
que sempre acrescentam lições de vidas, não apenas na vida do personagem, mas
nas nossas também e percebemos a importância do silêncio e o poder das
palavras, principalmente do nome atribuído a cada um ou coisa, a assumir os
erros e enfrentar os medos.
Ursula
K. Le Guin até então era desconhecida por mim e pelo fato de ter sido a precursora
do gênero fantasia despertou em mim um grande apreço que fez minha entrega pelo livro ser
completa, a ponto de não querer desgrudá-lo até terminar seu conteúdo. Talvez
para aqueles leitores que aguardam grandes reviravoltas, este exemplar não
agrade muito, pela escrita profunda, linear e bastante madura! Melhor ainda que
o livro é o prologo da escritora argumentando com maestria de forma simplista o
que a fez escrever e o porquê! Conquistando-me plenamente e me despertando questão
desafiadoras, entre elas: a autodescoberta!
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