Em algum lugar nas estrelas - Clare Vanderpool

A vida é tão misteriosa quanto o mais elaborado truque de mágica e parece que estamos intimamente ligados aos fatos e as pessoas, assim como a congruência das estrelas que mesmo numa noite nublada é possível enxergar seus brilhos.

O escritor Lewis escreveu que “um dia você terá idade suficiente para começar a ler contos de fadas outra vez”, e talvez o maior erro desta assertiva tenha sido esquecer de mencionar que vivemos um, por mais difícil que a realidade aparente.

É simplesmente mágico como a escrita de Clare Vanderpool funciona, pelo menos para mim. Os capítulos desenvolvidos, em ambas das suas obras são bem pequenos, mas de uma profundidade inigualável. Ela sempre encontra as palavras certas e sua comparação entre a areia e a mãe do protagonista foi magnífica.

No presente trabalho somos apresentadas a história de Jack e Early que através do esplendor e do conhecimento das constelações embarcam numa jornada digna de um problema de matemática relacionado ao Pi e até nos remete, ao menos lembra um pouco do filme “As aventuras de Pi”, e fatalmente somos embalados pelos clássicos da música: Sinatra, Billie Holiday e tantos outros.

Os personagens vivenciam um verdadeiro conto de fadas, repleto de muita fantasia e ao mesmo tempo de tocante realidade e de muita sensibilidade humana causada pela perda de entes queridos, dor e solidão que tiveram que lidar desde cedo.

Os garotos navegam juntos e no percurso encontram piratas, cobras e personagens saídos das histórias contadas pelas inúmeras sequências deste número irracional.

A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Jack, mas o personagem mais interessante é o Early, talvez um autista, embora a autora o descreva apenas como “um garoto estranho”, ele é cheio de verdades absolutas, determinado, corajoso e muito metódico.

Sempre acreditei que não é por acaso que as pessoas cruzam e nossas vidas e que estamos todos conectados como na teoria do fio vermelho do destino e depois deste livro esta se tornou a minha verdade absoluta, além claro, que quando é dia de chuva, “é sempre dia de ouvir Billie Holiday”!

Uma experiência incrível e bastante enriquecedora, a leitura é indicada para todas as idades, podendo descrevê-la como emocionante, mágica e muito profunda!