31/03/17

31/03/17

Cela sem portas - Marcel Trigueiro

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Quando é resenha de parceria, chega dá aquela alegria de saber que um autor (a) confiou em nós para ler, avaliar e divulgar suas obras, é extremamente cativante nossa relação com os parceiros e parceiras e esse ano está sendo bem melhor que o esperado, nos mostrando que cada vez mais nosso trabalho está sendo reconhecido e principalmente aprovado,o que é simplesmente maravilhoso.

Cela sem Portas é o tipo de livro que os capítulos vão mudando de local, ação e personagem, não há apenas um protagonista, e sim vários, e o autor colocou todos os pensamentos, reflexões e ações de cada um deles tão bem  que mesmo sendo a história repartida em diversos contextos, o leitor não fica perdido na leitura, sem saber o que está acontecendo, e eu fiquei maravilhada com isso, pois particularmente sou muito fácil de me perder numa leitura assim, tendo que voltar algumas vezes para poder compreender os capítulos.

A ação principal é um sequestro em pleno manhã na cidade do Rio de Janeiro, quando dois homens armados sequestram um ônibus com quinze passageiros, e exigem que a polícia solte o Cartola, o chefão do Quarto Comando, uma das facções que controla o tráfico de drogas na cidade. A maior preocupação dos policiais, era que esse crime não tivesse o mesmo fim trágico que o de 2000, do ônibus 174 (virou até filme) os bandidos ainda fazem ameaças, dando um prazo para cumprirem, e a cada hora do não cumprimento uma pessoa morreria.

A história gira em torno de Ângela, professora de física de uma escola para deficientes especiais, que naquele fatídico dia,  estava no ônibus sequestrado. e Miguel, um menino que sofre de paralisia por uma esclerose, aluno da professora.

Acompanhamos toda a aflição dele e de seus pais que apenas podem acompanhar o caso pela TV e internet, e torcer para a querida professora sair sã e salva da violência que paira na cidade. Adorei o jeito que Marcel colocou os pensamentos do aluno, nunca poderia imaginar o quanto um menino como ele sofre, e pensar nesse sofrimento constantemente, é inspirador conhecer histórias como essa e compreender que existem pessoas como ele, que preso a um corpo não se deixa ficar preso mentalmente, se dedicando sempre aos estudos e a leitura. 

Cristina, supervisora da superintendência, foi a intermediadora entre os bandidos e a polícia, e fiquei muita admirada com sua personalidade, lutando pela segurança e tão dedicada ao seu trabalho. Matheus, agente federal de Inteligência, também assiste pela televisão o desenrolar do sequestro, e cansado de não poder fazer nada vai para a intendência ajudar no desenrolar do sequestro.

Logo no início fiquei me perguntando, qual o real motivo desse sequestro? Quem teria sido o mandante? Quantas pessoas morreria até tudo ser resolvido?

Cela sem portas é um livro maravilhoso, juro que fiquei me perguntando se Marcel Trigueiro já foi detetive, superintendente, policial ou alguma profissão envolvida com casos criminosos, posso dizer que sua escrita é muito genial, perdi-me naqueles detalhes tão significantes da investigação, me senti Matheus Erming kkkkkkk; isso que o autor faz conosco é intenso, nos insere no livro de um jeito que sentimos a tensão dos personagens assim como as maquinarias daquele caso.

Tipico trabalho que nos faz refletir e questionar, não apenas pela sua capa irreverente, mas também pelo seu título provocativo. Vivemos trancafiados em celas sem portas, porque não importa para qual direção seguimos, estamos a mercê da própria sorte num mundo de tanta violência que cada dia mata pessoas, destrói sonhos e arrasam famílias.

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