A
resenha da vez vem acompanhada de vídeo do projeto Classiciando e é uma
releitura emocionante! A 9 anos atrás aproximadamente eu li esse livro no
colégio, e confesso a vocês que não fui contagiada pela beleza dessa obra,
contudo, hoje mais amadurecida, vejo o quanto a prosa poética de Jose de
Alencar é incrível!
Iracema
faz parte da chamada Tríade parnasiana da primeira geração romântica. Naquela
época, um país recém independente, era preciso criar uma identidade nacional, e
foi exatamente esse o objetivo de Alencar, criar a partir de nossas raízes,
obras baseadas em costumes e línguas, e na união entre o branco colonizador e o
nativo brasileiro.
Para
ser sincera, em minha primeira leitura achei o livro bem chato, é difícil
colocar uma criança pra ler Iracema, pois o livro possui uma linguagem bem
rebuscada que afugenta aqueles que estão começando a entrar no universo dos
livros, talvez seja por isso que o publico leitor de clássicos seja tão minimo.
Agradeço profundamente ao grupo de clássicos em que eu li conjuntamente esse
livro, e também aos professores de literatura que passaram em minha vida,
principalmente a Celso Antonio, que dramatiza tão bem as obras e me fez querer
ler muitos livros que eu ainda não tinha aproximação (Como Quarup, leitura em
breve!). Vamos a história.
Iracema,
a virgem dos lábios de mel, uma mulher emponderada mesmo para época (vista por
muitos como selvagem), linda guerreira tabajara que portava arco e flecha e
tinha atitudes bem diferentes das esperadas, conhece Martim, um homem branco
português, ao acaso, perdido na floresta. Após um encontro nada comum, nossa
protagonista levará o colonizador a sua tribo, onde ele será recolhido pelo pai
dela - o pajé - e tratado amigavelmente.
Mulheres
serão oferecidas a Martim mas este revelará sua paixão idealizada por Iracema,
que a recusa por possuir o segredo da Jurema - Tupã - em seu íntimo e por isso
deve manter-se virgem, pura e intocada. Percebo aqui uma característica
presente também na segunda geração romântica, a imagem da mulher inacessível ao homem, porém sabemos que logo isso muda, e Iracema passa por
cima de valores, relações afetivas parentais e costumes para ceder ao amor de
Martim. Obrigada a viver em terras inimigas, a indígena passará por uma
profunda depressão, alegrando-se apenas ao lado de seu amor, que a cada dia
mais se torna distante e frio. Do fruto dessa relação nascerá Moacir,
aquele que vem da dor, que representa não só a dor do parto dela, mas sim a dor
da aculturação, e principalmente a dor do genocídio dos povos indígenas. A
morte de Iracema simboliza a morte da visão selvagem do nativo, para dar lugar
a uma visão romantizada, que põe em foco o amor idealizado.
Alencar
usa a exaltação da fauna e flora brasileira para compor os cenários desse
livro, e isso faz com que o leitor se imagine dentro daquelas florestas
magnificas, respirando o mesmo ar dos personagens, ouvindo os mesmos pássaros e
pisando na mesma terra. Foi incrível ler esse livro novamente e com certeza
pretendo ler alguns outros desse autor ao longo do ano de 2018!
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