18/04/18

18/04/18

Iracema - José de Alencar

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A resenha da vez vem acompanhada de vídeo do projeto Classiciando e é uma releitura emocionante! A 9 anos atrás aproximadamente eu li esse livro no colégio, e confesso a vocês que não fui contagiada pela beleza dessa obra, contudo, hoje mais amadurecida, vejo o quanto a prosa poética de Jose de Alencar é incrível!

Iracema faz parte da chamada Tríade parnasiana da primeira geração romântica. Naquela época, um país recém independente, era preciso criar uma identidade nacional, e foi exatamente esse o objetivo de Alencar, criar a partir de nossas raízes, obras baseadas em costumes e línguas, e na união entre o branco colonizador e o nativo brasileiro.

Para ser sincera, em minha primeira leitura achei o livro bem chato, é difícil colocar uma criança pra ler Iracema, pois o livro possui uma linguagem bem rebuscada que afugenta aqueles que estão começando a entrar no universo dos livros, talvez seja por isso que o publico leitor de clássicos seja tão minimo. Agradeço profundamente ao grupo de clássicos em que eu li conjuntamente esse livro, e também aos professores de literatura que passaram em minha vida, principalmente a Celso Antonio, que dramatiza tão bem as obras e me fez querer ler muitos livros que eu ainda não tinha aproximação (Como Quarup, leitura em breve!). Vamos a história.
  
Iracema, a virgem dos lábios de mel, uma mulher emponderada mesmo para época (vista por muitos como selvagem), linda guerreira tabajara que portava arco e flecha e tinha atitudes bem diferentes das esperadas, conhece Martim, um homem branco português, ao acaso, perdido na floresta. Após um encontro nada comum, nossa protagonista levará o colonizador a sua tribo, onde ele será recolhido pelo pai dela - o pajé - e tratado amigavelmente. 

Mulheres serão oferecidas a Martim mas este revelará sua paixão idealizada por Iracema, que a recusa por possuir o segredo da Jurema - Tupã - em seu íntimo e por isso deve manter-se virgem, pura e intocada. Percebo aqui uma característica presente também na segunda geração romântica, a imagem da mulher inacessível ao homem, porém sabemos que logo isso muda, e Iracema passa por cima de valores, relações afetivas parentais e costumes para ceder ao amor de Martim. Obrigada a viver em terras inimigas, a indígena passará por uma profunda depressão, alegrando-se apenas ao lado de seu amor, que a cada dia mais se torna distante e frio. Do fruto dessa relação nascerá Moacir, aquele que vem da dor, que representa não só a dor do parto dela, mas sim a dor da aculturação, e principalmente a dor do genocídio dos povos indígenas. A morte de Iracema simboliza a morte da visão selvagem do nativo, para dar lugar a uma visão romantizada, que põe em foco o amor idealizado. 

Alencar usa a exaltação da fauna e flora brasileira para compor os cenários desse livro, e isso faz com que o leitor se imagine dentro daquelas florestas magnificas, respirando o mesmo ar dos personagens, ouvindo os mesmos pássaros e pisando na mesma terra. Foi incrível ler esse livro novamente e com certeza pretendo ler alguns outros desse autor ao longo do ano de 2018!


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