Não preciso mais expressar aqui o meu amor por Jorge Amado, e Dona
Flor e seus dois maridos com certeza é um dos melhores livros desse autor tão
aclamado. Há alguns anos eu li a obra em uma edição reduzida e já gostei, mas
em 2017 após assistir uma adaptação tão bem feita, precisei me embrenhar
novamente na escrita de Amado.
Flor é uma mulher
linda, daquelas que chama atenção por onde passa, com a definição de mãos de
fada, ela ganha a vida e ajuda a família com a sua culinária maravilhosa, dando
aulas e apé sendo contratada por altas classes da sociedade baiana. Então, um
dia ela conhece Vadinho, o qual se apaixona perdidamente por ela, e ela por
ele, mas esse romance já começou com o pé esquerdo. O homem para conquistar o
interesse da mãe de Flor, foi logo inventando cargos que não tinha e condição
financeira que nem sonhava em ter, e quando essa descobre a confusão está
armada.
Mas como diziam os
apaixonados, tudo o amor enfrenta, tudo o amor passa, porém, Flor não esperava
que depois de casada, fosse descobrir as façanhas e o verdadeiro caráter do
marido.
O autor deixa o
leitor em maus lençóis (ignorem a ironia), que vivemos em uma tênue linha de
amor e ódio por Vadinho, um personagem completamente dual, que conquista pela
paixão com Flor, pela graça e pelo jeito leve de viver, contudo, é odiado por
ser o maior mulherengo e preguiçoso que gasta todo o dinheiro que a mulher
ganha com tanto esforço em jogos e bebidas. O livro já se inicia com a morte
dele em pleno carnaval, todo o sistema de luto da esposa e as tramas que
rodeiam aquele fato, mas conhecemos a história inteira deles através de
memórias de Florípedes assim como dos amigos, da vizinhança e dos personagens
secundários que são essenciais para o entendimento de alguns acontecimentos.
Enfim, chega o
segundo marido da protagonista, que não podia ser mais diferente do primeiro,
Dr. Teodoro é um homem altamente culto, bem respeitado pelo bairro, de ótima
condição financeira e que trata Flor como a melhor mulher do mundo. Porém lhe
faltava o que Vadinho mais dava a ela, sexo. Não é nenhuma novidade a
escrotidão e o vulgarismo das obras de Jorge Amado, e essa em questão não fica
nem um pouco atrás, o drama dos relacionamentos será exatamente este, o que um
marida dá e o que outro nem chega perto.
Talvez no
psicológico de Flor ou mesmo na realidade, dependerá muito das crenças de cada
leitor, Vadinho de tanto ela chamar vêm em espirito (detalhe: nu) para perto
dela, e ela fica inteiramente dividida entre o pudor e a traição, entre o certo
e o errado e entre os diferentes amores que ela sente por cada marido. O livro
é intensamente baiano, denotando aos costumes de nosso estado, á sociedade da
época e as peculiaridades que só existem aqui em nosso universo. Eu
simplesmente amo a cena dos orixás e do candomblé, é de arrepiar mesmo quem não
acredita e a obra em si é bastante carismática e emocionante.
Adorei o resumo, bem direto.
ResponderEliminarE Jorge Amado adora uma vulgaridade mesmo nas suas obras.
Bom fim de semana.
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