04/05/18

04/05/18

Dona Flor e seus dois Maridos - Jorge Amado

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Não preciso mais expressar aqui o meu amor por Jorge Amado, e Dona Flor e seus dois maridos com certeza é um dos melhores livros desse autor tão aclamado. Há alguns anos eu li a obra em uma edição reduzida e já gostei, mas em 2017 após assistir uma adaptação tão bem feita, precisei me embrenhar novamente na escrita de Amado.

Flor é uma mulher linda, daquelas que chama atenção por onde passa, com a definição de mãos de fada, ela ganha a vida e ajuda a família com a sua culinária maravilhosa, dando aulas e apé sendo contratada por altas classes da sociedade baiana. Então, um dia ela conhece Vadinho, o qual se apaixona perdidamente por ela, e ela por ele, mas esse romance já começou com o pé esquerdo. O homem para conquistar o interesse da mãe de Flor, foi logo inventando cargos que não tinha e condição financeira que nem sonhava em ter, e quando essa descobre a confusão está armada.

Mas como diziam os apaixonados, tudo o amor enfrenta, tudo o amor passa, porém, Flor não esperava que depois de casada, fosse descobrir as façanhas e o verdadeiro caráter do marido.

O autor deixa o leitor em maus lençóis (ignorem a ironia), que vivemos em uma tênue linha de amor e ódio por Vadinho, um personagem completamente dual, que conquista pela paixão com Flor, pela graça e pelo jeito leve de viver, contudo, é odiado por ser o maior mulherengo e preguiçoso que gasta todo o dinheiro que a mulher ganha com tanto esforço em jogos e bebidas. O livro já se inicia com a morte dele em pleno carnaval, todo o sistema de luto da esposa e as tramas que rodeiam aquele fato, mas conhecemos a história inteira deles através de memórias de Florípedes assim como dos amigos, da vizinhança e dos personagens secundários que são essenciais para o entendimento de alguns acontecimentos.

Enfim, chega o segundo marido da protagonista, que não podia ser mais diferente do primeiro, Dr. Teodoro é um homem altamente culto, bem respeitado pelo bairro, de ótima condição financeira e que trata Flor como a melhor mulher do mundo. Porém lhe faltava o que Vadinho mais dava a ela, sexo. Não é nenhuma novidade a escrotidão e o vulgarismo das obras de Jorge Amado, e essa em questão não fica nem um pouco atrás, o drama dos relacionamentos será exatamente este, o que um marida dá e o que outro nem chega perto.


Talvez no psicológico de Flor ou mesmo na realidade, dependerá muito das crenças de cada leitor, Vadinho de tanto ela chamar vêm em espirito (detalhe: nu) para perto dela, e ela fica inteiramente dividida entre o pudor e a traição, entre o certo e o errado e entre os diferentes amores que ela sente por cada marido. O livro é intensamente baiano, denotando aos costumes de nosso estado, á sociedade da época e as peculiaridades que só existem aqui em nosso universo. Eu simplesmente amo a cena dos orixás e do candomblé, é de arrepiar mesmo quem não acredita e a obra em si é bastante carismática e emocionante.

1 comentário:

  1. Adorei o resumo, bem direto.
    E Jorge Amado adora uma vulgaridade mesmo nas suas obras.

    Bom fim de semana.

    https://residentenaodomiciliada.blogspot.com.br/

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