03/04/19

03/04/19

O cortiço - Aluísio de Azevedo

| |

Hoje é dia do literalmente "postei e saí correndo" kkkkkkk

O cortiço do autor Aluísio de Azevedo, se encontra dentro do movimento literário naturalismo, que aborda principalmente o Darwinismo social, ou seja,  a influência do meio, da "origem" e do momento histórico sobre o ser humano, dessa forma, os personagens desse livro revelam absurdamente características consideradas absurdas por nós, mas que lamentavelmente constituem nossa realidade, sobretudo do Brasil. Quem nunca ouviu uma mulher ser chamada de cadela, um LGTB ser chamado de desviado ou bicha, ou ainda um homem de corno? Todos esses termos pejorativos estão presentes na narrativa de Aluísio, e apesar de nos assustarmos com tamanha falta de respeito, isso é comum na sociedade brasileira e infelizmente faz parte do dia a dia de muitos.

Como cenário temos o próprio O cortiço, coloco esse artigo para caracteriza-lo como personagem, já que durante a narrativa temos a plena impressão que o lugar "vive". Nesse ambiente moram pessoas dos mais diferentes "tipos", que lutam para sobreviver e pagar seus alugueis a João Romão (dono do cortiço) o qual busca enriquecer de qualquer forma, não importando em que cabeça pisará para isso, entre os personagens, destacam-se Rita Baiana, Jerônimo, Piedade, Pombinha que refletem a grande diversidade da sociedade brasileira, mas também representam a considerada marginalidade da nação.

Em oposição, temos o Casarão, comprado por Miranda o qual corresponde a "alta" classe da comunidade, e por quem João Romão alimenta imensa inveja.

O livro traz conceitos muitas vezes incorporados no senso comum dos brasileiros, João Romão enriquece através de seu comércio, roubos ilícitos e da exploração de sua amante Bertoleza, quantas vezes já ouvi que as pessoas só crescem na vida desse modo? Já Miranda apesar de toda pompa social, almeja a riqueza monetária de João, o que também é perceptível ainda hoje, a "moral" que algumas pessoas exercem devido a títulos e origem familiar.

O cortiço e o casarão passam por modificações significativas durante a narrativa que ilustram basicamente o determinismo social e a falta de perspectiva para o povo que ali mora, iniciando uma decadência moral e finalizando da pior (mas real) forma possível. As obras naturalistas fogem completamente da idealização de qualquer coisa que seja, trazendo um retrato da sociedade e cuspindo na nossa cara a sexualização da narrativa e a animalização dos personagens. Para ser sincera já é a segunda vez que o leio e não consigo engolir e gostar do livro, porém sei da importância e da frequência que ele aparece em provas, por isso me forço a lê-lo sempre.



Sem comentários:

Enviar um comentário